O Karaté Goju-Ryu tem as suas raízes na arte de Naha-te, desenvolvida por Kanryo Higaonna Sensei. Nascido em 1853, Higaonna pertencia à baixa nobreza e, desde cedo, revelou um grande interesse em aprender a arte do Kempo chinês. No entanto, a sua situação financeira dificultava a viagem até à China, até que lhe foi apresentada uma oportunidade inesperada: o proprietário de um navio, sensibilizado pelo seu desejo de estudar, ofereceu-lhe passagem para a cidade portuária de Foochow, a única localidade chinesa que mantinha comércio regular com Okinawa naquela época.
Anos mais tarde, seria o seu discípulo, Chojun Miyagi Sensei, a tornar-se o verdadeiro fundador do estilo Goju-Ryu. Miyagi iniciou o seu treino com Higaonna Sensei aos 14 anos de idade, e juntos dedicaram mais de uma década a aperfeiçoar as técnicas e princípios do Naha-te. A parceria entre mestre e aluno terminou apenas em 1915, com a morte de Higaonna Sensei, mas a paixão e o empenho de Miyagi na arte não cessaram.
Miyagi Sensei, oriundo de uma família nobre, não só continuou a treinar e a evoluir a arte, como também dedicou a sua vida a promovê-la dentro e fora de Okinawa. Em 1921, realizou uma demonstração para o príncipe Hirohito, que viria a ser o futuro imperador do Japão, e, em 1925, para o príncipe Chichibu. Este reconhecimento real impulsionou a visão de Miyagi de levar o Naha-te para além das fronteiras de Okinawa e do Japão, idealizando o desenvolvimento e a disseminação do Karaté Goju-Ryu a nível global.
Durante a década de 1930, Miyagi Sensei trabalhou ativamente na organização e promoção do Karaté de Okinawa, considerando-o um verdadeiro tesouro cultural a ser transmitido às gerações futuras. A sua dedicação e espírito visionário transformaram o Goju-Ryu num dos estilos de Karaté mais reconhecidos e respeitados a nível mundial, mantendo vivos os ensinamentos do seu mestre e elevando o legado do Karaté como uma arte marcial que transcende o combate físico e fomenta o crescimento pessoal e cultural.